sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Gêmeos!

Tô carregando duas sementinhas! 
Foto: Pinterest



   Ainda em choque com a novidade! :) Quando a ficha cair, volto aqui pra contar a comédia que foi a descoberta da gravidez de dois. 

Dores e delícias de uma gestante de primeira viagem - Episódio 1

   Madrugada do dia 17 de novembro. Pelos cálculos baseados na minha última menstruação, estava com cinco semanas Acordei assustada depois de um pesadelo fodis, onde eu constatava que minha gravidez era ectópica (fora do útero, que precisa sempre ser interrompida). Fiquei agitada na cama, sem conseguir pensar em outra coisa. Fausto acordou querendo saber o que tava acontecendo, e eu no auge da preocupação, falei o quanto estava aflita por causa do sonho. Pra ficar tranquila, precisaria ver a sementinha dentro do útero.
   A gente entra numa doidice quando está grávida. Parece que ser racional não está mais em questão.    Tive que ir sozinha, pois como não foi nada programado com antecedência, o marido não pôde me acompanhar. Cheguei na clínica, que não aceitava meu plano, e pedi pra ver se meu neném tava no lugar certo. A secretária, prontamente me disse que eu faria uma Ultrassonografia Endovaginal. Ponto. Paguei e aguardei minha vez. Esses minutos foram quase uma eternidade. Deu tempo de refletir sobre as mudanças no meu corpo, conversar com Deus sobre nossos planos pra minha vida, observar os barrigões que também estavam na sala de espera e me imaginar naquela condição, e me preparar para uma notícia que talvez eu não gostasse de ouvir (influência do sonho, né gente? Tava uma pilha).
   Quando entrei na sala do médico, sua assistente perguntou se eu era virgem. Oi? Tô grávida, minha fia! Achei estranho mas pensei: ela deve tá no automático. O médico investigou quais minhas queixas, se eu tava sentindo algum tipo de dor e eu só disse: Quero saber se meu neném está no lugar certo. Nesse momento, meu coração tava tão apertadinho... Mas vamos lá! E ele só dizia, útero tamanho tal, ovário direito com dimensões tal...
   "Olha ali, tem um saco gestacional no útero!". Uma luz desceu, como naqueles filmes, que a pessoa recebe uma boa nova. Pronto! Alívio tomou conta, amor invadiu e eu fiquei demente. Só conseguia sorrir. O que o médico e sua assistente falaram, lembro de mais nada.
   Fui pra casa, feliz e satisfeita. Até que... "Peraê, com cinco semanas já se ouve o coração." E ele nem falou nada do neném, só quis saber dos meus ovários, útero, endométrio. Meu Deus, será que tem alguma coisa errada com a semente e ele não quis me falar?
   Aflição de novo. Corri pro grupo das amigas no whatsapp pra chorar minhas pitangas, e todas diziam pra ter calma, que ainda tava muito no início, que eu ficasse tranquila que tava tudo bem. Amo as meninas (Crazetes) e só eu sei o quanto tá sendo importante esse apoio e acolhimento (Amigas do Léo, vocês também estão se garantindo no quesito acolhimento!), mas... precisava ouvir uma opinião de quem trabalha no ramo.
   Com nó na garganta, fui puxar papo com uma pessoa maravilhosa, a Lúcia, que é a Obstetra mais top que conheço e tenho a sorte dela ser do nosso círculo de amizades. Ela disse que não tinha nada de errado com as informações do exame, que pelo tamanho do saco gestacional, a sementinha ainda era muito nova, que eu me acalmasse que tava tudo bem.
   Tranquilizei.
   Mais calma, fui olhar a USG, e vi que atrás dela tinha uma tabelinha com os valores dos exames. Percebi que o valor que tinha pago, era inferior ao preço do exame direcionado à gestantes. Vi também no recibo que a secretária do laboratório notificou era apenas de uma endovaginal. E foi isso que o médico fez. Examinou minha estrutura, sem focar no embrião. Ai, quanto sofrimento sem necessidade...
   Moral da história: Aprendi a deixar de ser bitolada, que os pesadelos podem ser reflexo da minha insegurança por tudo isso que tá acontecendo; que não posso nunca mais ir a um exame dessa magnitude sozinha, por que fico demente e não muito clara nas minhas solicitações, e que eu tenho que deixar de besteira e acreditar em mim, na natureza do meu corpo, na minha capacidade de gerar uma vida dentro de mim.


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

A semente.

   Há mais de um ano não piso aqui. Neste período, continuei tentante, desisti, entreguei a Deus, relaxei nos métodos anticoncepcionais, não quis engravidar de jeito nenhum, decidi deixar a vida correr. Há treze dias descobri que estou grávida. Confesso que não programei o que vou escrever aqui, decidi respeitar o fluxo do pensamento. Só penso que no futuro, meu(a) filho(a) estará visitando essa página pra tentar entender como a mãe era antes de seu nascimento e como foi a construção do nosso vínculo. Fico confusa, se escrevo diretamente a ele , ou se faço um texto corrido. Tudo é tão novo...
   Juro que tem hora que não acredito. As vezes paro, me olho no espelho, não vejo nada diferente. Mas sinto. Sinto que não posso mais exagerar no doce, me estressar por bobagem, ser intempestiva. A vontade de comer sushi também tá sendo deixada para outro momento. Fome agora virou uma constante. Poucos dias da descoberta, mas já me percebo diferente nas prioridades. Qual o limite desse sentimento, meu Deus? 
   Agora entendo que não sou só eu quem dita o curso da minha vida. Tive muito medo de estar grávida, mas na hora das duas listrinhas do teste de farmácia, já não quis mais que minha condição fosse outra. Muito louco isso, louco mesmo. 
   Agora estou aqui, 14 meses depois de ter criado este blog, ressuscitando ele, por que não penso outra coisa além de neném que vem, providências futuras, responsabilidades novas, rotina modificada. Uma vontade de acelerar o relógio me consome, e pela primeira vez na vida, me incomodo por não ter barriga aparente. 
   Ainda não sinto enjôo, sono excessivo, instabilidade no humor, dor nas costas. Só sinto sentimento. É uma gratidão, uma vontade de passar pros meus a paz que mora em mim, um amor por meu esposo que agora se multiplica, dia a dia, tomando forma e se desenvolvendo de maneira simbólica e real. A sementinha ainda nem é um feto. Pra se transformar num neném vai demorar um pouco, mas eu, apesar da ansiedade, peço que tudo aconteça no tempo certo, assim como foi a surpresa da sua existência. 
   Vou chorar ouvindo batidas de coração nos dias de USG, vou sonhar com seu rostinho enquanto faço o enxoval, vou compartilhar com o Papai o que acontece a cada semana no seu desenvolvimento. Vai ser lindo. Já está sendo. E eu digo mais o quê? 
   Falo mais nada, só deixo registrado aqui o momento de amor e alegria que foi quando o milagre da vida foi descoberto. 


   

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dada a largada.

Quando leio o título deste post, fico imaginando uma maratona, onde atletas tentam ultrapassar seus limites físicos e psicológicos competindo quem é o mais rápido e estratégico. Me sinto um pouco assim quando o assunto é gravidez. Meio confuso, né? Vou explicar:
Finalmente concluído o tratamento do estômago, dei a largada para as tentativas. Antes estava ensaiando, agora é de verdade. E por mais que eu diga que tá tudo tranks, que vou aproveitar a vida a dois, que a expectativa de ser mãe tá controlada, inevitavelmente surge as dúvidas de quando serei contemplada com o prêmio da gravidez. Tá, estarei sendo contraditória se a gente voltar a ler a última postagem, mas... tenho disso! Chico chegou, Chico foi embora, e apesar de não fazer mais tabelinha, conheço um tico do meu corpo para saber que estou no período fértil. E pela primeira vez, existe a possibilidade real do óvulo se unir ao espermatozoide vencedor e juntos se transformarem num neném. Aí é que tá o x da questão. Será que vai demorar? será que vai ser mês que vem? será que no carnaval de 2015 estarei buchuda? Ou só no São João? Rola muitos questionamentos em relação ao momento exato. 
Aí que vem a analogia da maratona. O pensamento que quer o dia e hora, tipo consulta médica marcada. O corpo exige cautela, e os dois - que no fim das contas não são dois, sou um e pronto - ficam disputando meu espaço interno, mesmo tendo os mesmos objetivos, que é gerar uma vidinha. E meu psicológico tenta fazer o intermédio, mostrando que os eles precisam estar em harmonia para que um não atropele o outro na conquista do pódio. 
É estranho demais, por que me policio para não ficar muito focada nessa questão e controlar a ansiedade, que está diretamente relacionada com meu muito-querer. Vê que doido: Me controlo para não querer demais o que quero muito, para que esse exagerado querer não me atrapalhe no alcançar do que quero. 
Acho que por isso estou ausente do blog. Sair dessa esfera me distrai para outros contextos, e as exigências reais do atual cotidiano pedem atenção difusa e me deixam menos ansiosa, sabe? 
Enfim, mesmo com todo esse mimimi, e sendo filha de S. Almir, um cara que diariamente lista seus afazeres numa agenda e planeja até o horário que vai passear com o cachorro (tá, herdei um pouco isso do coroa, ¬¬), estou tentando "respeitar todas as - minhas - partes" para que essa fase de tentante me ensine algo que possa levar por toda a vida: Paciência e determinação em tudo o que propuser tentar.  

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Xô pressão!

Oração ao tempo
(Caetano Veloso)

"És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, tempo, tempo, tempo.

Estamos em stand by nas tentativas da gravidez por causa do meu tratamento do estômago. Acho que é por isso que estou num marasmo criativo para escrever sobre assuntos que remetam a gravidez, apesar de ter uma lista de possíveis temas. Apertei o start, mas a imagem que aparece é aquela do "loading". E por mais que eu me declare tentante, ainda não estou neste posto. Faltam 15 dias, para o início de uma jornada que não sei quanto tempo durará. Não sei se passarei 1 mês, 1 ano ou 3 tentando. Quiçá, se engravidarei! Uma certeza eu tenho: vou ser mãe. Biológica, adotiva, do coração, serei!  Essa falta de garantias temporais poderia me deixar receosa, mas não me sinto amedrontada, pois o tentar também é uma delícia de viver. Pelo menos eu acho que é. Quero aproveitar o tempo que me resta para curtir a vida sem filho. Sem entrar na vibe da auto-pressão.

Imagem daqui.
Antes, como método de contracepção, utilizava um aplicativo no celular que me dizia quando o meu período fértil estava se aproximando. A primeira coisa que fiz, quando finalmente decidi focar minha atenção às questões sobre gravidez, foi exclui-lo, pois o danado me deixava numa apreensão daquelas, e não seria diferente se eu o utilizasse para outros fins. A ansiedade é marvada demais, e o desafio desta fase será o exercício de não deixá-la atrapalhar o curso das tentativas. O que me fará vencê-la, apesar de contraditoriamente eu tá dando ênfase a ela neste momento, será a leveza com que quero tratar do assunto. Nada de tá comprando testes de gravidez todos os meses, ou obrigando o marido a comparecer na "semana premiada" nos dias que ele chegar zumbi do trabalho. Quero respeitar meu tempo, nosso tempo enquanto casal, as  limitações e os sucessos. A natureza é quem manda!
Acho que o segredo está exatamente em não entrar na onda da pressão, interna e externa. E é assim que vou seguir, acreditando que a condição de ainda não ser mãe, também me trás benefícios. Gosto de dormir, comer doce, sair sem hora pra voltar, tomar um copinho de cerveja, viver essa vida atual. 
Por isso, digo: Amo a vida! A minha, a nossa, a do filho que vem. E se você me perguntar, o que acho mais lindo disso tudo, direi: o respeito ao tempo.