sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Click, você existe?

Aos 25 anos eu já dizia "Biologicamente, me sinto preparada para ser mãe." Tudo balela. A gente sempre tem algo que precisa concretizar primeiro. Terminar a faculdade, casar, comprar um carro, ter uma casa e dindin suficiente para sustentar uma criança. Daí, você conquista tudo isso e vem outros planos: fazer aquela viagem de 3 meses pela Europa que você sonha desde os 15 anos, passar no mestrado, voltar a morar próximo da família. Dois anos de casamento passam, o marido começa a compartilhar o desejo de ser pai, e você fica ali, sem saber direito quando será o momento propício, achando que quando chegar a hora certa da decisão, acontecerá um click. Tudo vai clarear sua mente numa bela manhã de primavera, e subitamente, você sentirá a maturidade necessária para ser mãe. Finalmente dirá: Pronto, chegou a hora!
Imagem retirada daqui
O que tenho percebido é que todos os auto-boicotes existentes não passam de insegurança, medo. Medo de não conseguir ser uma boa mãe,  medo de não passar os valores necessários para que futuramente o filho seja uma pessoa íntegra, medo de não conseguir lidar com as mudanças no corpo que vem depois da gravidez, medo de faltar algo que seja fundamental para formação da futura pessoinha, medo do marido arranjar outra pessoa mais nova e penteada por causa das mudanças que um filho proporciona na vida do casal, medo de cometer os mesmos erros que outras mães (inclusive a sua) cometeram, entre outros monstrinhos. Mas o que não dá é para deixar de viver algo tão sublime por causa de temores infundados, baseados em histórias que não foram suas, de causos que a amiga da prima do irmão da vizinha contou. Não estamos isentas de errar, encontrar dificuldades na trajetória da maternidade, mas acredito que se não houver coragem, a gente nunca vai sair da zona de conforto que é cuidar unica e exclusivamente de nossa  própria vida e pronto. Cabou-se.
Acredito que não exista o Manual da Boa Mãe. Se houver, me digam. Ainda não tive acesso a ele. Acho que se a gente não lutar contra nossa insegurança, a vida vai passar, e não vamos conseguir acompanhar. Que apesar da maravilha que é a independência de não ter bebê em casa, que chora, que faz cocô, que precisa da gente pra sobreviver, podemos tá sendo injustos com nossa trajetória e perdendo o mais legal da vida, que é procriar, criar, recriar, recrear.
Coragem para os desafios nunca me faltou, e apesar de não saber se um dia o click vai acontecer, sou teimosa, e a partir de agora, me declaro tentante. Tentante à felicidade, tentante à intensidade, tentante ao amor expandido, tentante à maternidade.

5 comentários:

Rany disse...

Já estol adorando e torcendo muito!!!! Bjs

Camila disse...

Adorei o post! Esse questionamento existem e são super saudáveis. E o melhor de tudo é que essa maturidade nunca será madura o suficiente kkkkk. Ela virá quando aquela pessoinha chagar, quando formos convidadas a viver esse momento que é, nada menos do que sensacional.

Paty disse...

Penso beeem assim, só falta a coragem pra ser "tentante" (ameeei o termo, kkkk). Desde já torcendo por essa família, no aguardo de novos posts! :)

Monique disse...

Vai com fé pinguinho, pisa fundo e mergulha nesse fuzuê de emoções!

Flávia Manuso disse...

Que texto lindo, leve e intenso ao mesmo tempo.
Sempre ouvi uma frase que diz "quando nasce um filho nasce uma mãe" e olhe que acredito nisso apesar de não ter experienciado essa vivência materna.
Acredito que temores e inseguranças sirvam para nos dar um norte quando precisamos tomar uma decisão e isso não quer dizer um freio, mas um limite e ajuste de até onde o passo deve ser dado para não quebrar as pernas.
Estou adorando poder acompanhar o teu desejo lindo de gerar uma vida e dessa nova vida te gerar mil possibilidades de ser feliz.
Um beijo bem grande no seu coração.